# Jamais eu poderia... 07/08/2014 - 15:29min.
Deixar de dançar sozinha em minha casa com uma música sibilante. Nesse momento tenho a sensação de estar livre, única, exclusiva, me sinto realmente sem algemas, pois é isso que me incendeia me dá lume e me faz ir em frente.
Quando estou seriamente chateada eu coloco uma música estrondosa e acabo com o nervosismo dançando com todas as minhas forças sobre o chão, elevo os braços, balanço a cabeça, me remexo toda e canto (bem, a meu ver penso que estou cantando, mas os outros acham que estou gritando).
Ninguém deveria entrar em casa nesse momento porque o espetáculo deve ser de um show aterrorizante, no entanto, esse é o meu propósito para a solidão!
A melhor coisa mesmo é quando não há ninguém em casa, caso contrário, além de gerenciar o fato de que alguém poderia entrar há qualquer momento. Minha vizinha reclama sempre do volume, diz que ninguém é surdo nas redondezas e que não precisava ser assim...
Mas é claro que é preciso! Tenho necessidade disso. Ela não sente a música da mesma forma que eu sinto porque não deixa que a música tome conta do seu ser.
Quando ela começa a reclamar, eu aumento um pouco mais o volume para ver se ela para de me encher a paciência. Já até lhe ofereci fones de ouvido para evitar o conflito, mas lhe avisei que com eles ela não terá a mesma sensação.
Eu amo ouvir música! Quando estou triste tenho tendência a escolher uma música ainda mais triste para ir lá no fundo da minha tristeza. Assim, as lágrimas saem e em seguida me sinto melhor. Deixo fluir a coisa ruim em minhas lágrimas e depois vou rebuscar outro tipo de música que me traga alegria para extravasar minhas energias!
Eu danço, eu pulo e pego uma escova de cabelo para me servir de microfone... Em suma, deixo-me levar pela música... E quer saber? Eu sofro de labirintite há quase vinte anos viu menino(a)! E tem mais: Não posso também deixar que meus pés fiquem sujos, eles têm que estar sempre bem cuidados, mas isso é outra história.
# Todos esses anos... 11/07/2014 - 16h28min.
Eu ficava em silêncio e nada dizia. Só fazia me calar quando alguém contava uma história louca diante de mim. Quer um exemplo? Anteontem havia em casa alguns amigos e eis que um deles começou a tagarelar sobre uma noite durante um jantar num restaurante...
Lembro-me que eu também estava nesse restaurante e como não tenho o hábito de jantar fora, quando faço isso para mim é uma festa e acabo guardando-a como lembrança.
Naquela noite tivemos que esperar um bom tempo. Meu amigo não gosta muito de esperar e, portanto, começou a contar histórias. Ele se esticava todo, fazia muitos gestos e isso me fez ficar mal humorada só pelo fato de escutar o tom da sua voz.
A maneira como ele apertava seus lábios repetidamente, e a junção de todos os detalhes para que ele pudesse chegar ao fim da história me desesperava. O restaurante estava repleto, pelo menos umas 70 pessoas estavam ali. Tivemos que esperar umas duas horas.
Então, olhei o garrafão de vinho e olhei-o nos olhos, naquele momento ele se serviu de uma nova taça dizendo que quase não bebia. Imaginem! Para ele, isso não era um exagero, e para mim, exagero mesmo eram as mentiras que ele contava, e o pior, ninguém tinha coragem de dizer que o que ele contava eram mentiras. Ele traficava a verdade e exagerava o tempo todo.
Subitamente, não escutei mais o que ele dizia e mergulhei no meu mundo de sonhos me perguntando sobre coisas referentes ao meu amigo mentiroso:
Será que ele faz isso em todos os acontecimentos de sua vida? Será que a todos ele diz que já tem 10 filhos? Que ele tem cinco balneários? Que ele tem 15 cachorros de raça? Que tem cinco BMWs novinhos na garagem? Que tem três contas bancárias na Suíça, mas que não tem nenhuma no Facebook e blá, blá, blá...
Então, comecei a pensar:
Será que meu amigo é um verdadeiro mentiroso ou ele inventa sua vida completamente diferente da realidade? Será que devo retificá-lo ou deixá-lo fabular do seu jeito? Mas... Quando ele me olha com os olhos de homem apaixonado desvio bruscamente meu olhar, pois sei que isso é também um convite para ajudá-lo a arrumar uma parte da sua realidade.
Há coisas detestáveis... Escrito em 04/07/2014 - 16h31min
É detestável estar ciente que muitos querem saber o que tenho na cabeça.
Querem saber o que eu quero da vida,
Quais os meus projetos para o futuro;
O que eu acho do mundo e da política;
Querem saber por que não me divirto;
Por que só saio de casa para trabalhar;
Por que não tenho um grande amor e fico a ver navios;
Se ainda vou inventar alguma coisa que vai interromper suas vidinhas bem arrumadas; O que eu faço; Onde eu estou; Aonde vou; Com quem... Cruzes!
Quando apresento algo feito por mim eles querem saber como eu consegui tamanha façanha, como e o que foi que eu fiz, mas nenhum deles quer saber como estou, se estou bem...
Quando me sinto derrotada, isso ninguém quer saber e é isso que me faz ver que há coisas detestáveis, mas eu juro, eu não posso mudar o mundo e nem as pessoas e admito que tomo até certo prazer quando levo isso na brincadeira ou quando levo a sério.
Sabe-se lá quantas vezes também já não fiz isso por também não poder mudar a minha natureza?
Sou como um cão que não larga seu osso velho mesmo que seu dono queira lhe dar algo melhor. Não, eu prefiro ficar com o que é meu e não abro mão disso.
Devo, porém admitir que tenha meus alvos favoritos - Meus familiares - e é com eles que expresso minhas mais belas gargalhadas. Tenho a impressão que há um pequeno problema com o fato de que, às vezes, eu tenha uma opinião sobre certas coisas e que tenha uma resposta para as perguntas. Mas... Gostaria de esclarecer que não é bem assim, pois cabelos grisalhos não significa sabedoria não! Ao lado dos meus familiares faço o circo pegar fogo para que as chamas do amor fraterno brilhem ainda mais. Mas quem não faz isso com seus familiares? Alguém pode achar tudo isso detestável, mas eu não!
#Eu sirvo para...
Depois de fazer uma lista que me deixou um pouco preocupada, descobri que sirvo pelo menos para:
Minha vida parece, às vezes, tão plain-plain que me comparo à gota de limão que acorda a água dormindo, mesmo assim, sorrio sempre para o meu vizinho que evita a convivência social e talvez por penitência, vive a expiar seus pecados. Aff!
Após refletir um pouco, outras coisas vêm também perturbar meus neurônios:
Depois, sinto um peso enorme sobre os ombros, um frio na barriga e um sentimento vazio a me envolver a alma, então, eu reajo: – Nossa, eu hein! Por isso, ontem decidi não ficar com essa questão sem resposta e assim, do nada, cheguei diante de minha irmã e disse:
– Para o que é que eu sirvo mana?
Mesmo que eu tivesse certeza que ela não teria a resposta, talvez ela me desse alguma alternativa para resolver meu problema, mas foi ela mesma quem me deu ainda mais razões para voltar a questionar:
– Hein mana? Diga-me, para o que é que eu sirvo?
Então, ela apelou para a filosofia, falou sobre o sentido que cada um dá à sua vida e blá, blá, blá... Isso fez o nevoeiro ficar ainda mais intenso em minha cabeça, mas teve algo que ela disse que deixei ficar suspenso lembrando um enorme ponto de interrogação, ou melhor, ficou fazendo “toin... toin” em meu cérebro:
“... A resposta é o 'x' da questão”!
Só que essa expressão é usada para selecionar, enfatizar ou ressaltar alternativas, tanto em teste, questionários ou quanto em situações comparativas. Pode ainda ser a única alternativa correta entre incorretas ou parcialmente corretas, mas também é usada para ressaltar a importância de um fato. Isso veio espontaneamente dela, de repente surgiu e me concentrei nessa frase. Bem, segundo ela, e se entendi direito:
– Não há resposta para isso. Seria preciso continuar sempre a se fazer a mesma pergunta, pois é isso que nos faz crescer!
Um pouco confusa respondi:
– Ok, mas isso não é o que eu queria ouvir, vou engavetar essa “para meditar” mais tarde!
Desde então, sinto um embate pairar entre eu e o meu ego, permaneço ansiosa para descobrir a resposta. Cheguei finalmente à conclusão que devo servir para alguma coisa e disso eu estou quase certa! Ou será que preciso continuar a ferver cada um dos meus neurônios para poder me reencontrar?