Para minha Amiga Lucinha
Amiga,
Estou saindo pouco a pouco do meu recato, abandonei a rotina do meu passado por onde andei tão solitária na vida e o meu trajeto era um labirinto sem fim.
Meu grande consolo era o meu abrigo, mas finalmente, sequei com as mãos úmidas os sofrimentos que grudavam implacavelmente o meu ser, porque os dias, os meses, as estações passavam e só deixavam marcas profundas em mim.
Muitas vezes senti a amargura surgir do abismo dos meus lamentos, semelhante às águas de um oceano agitado a devastar o litoral com o furor das suas ondas. Mas minha tempestade cessou, as intensas oscilações encontraram a calma e a brandura em mim retomou o seu lugar tornando-me outra vez serena.
Amiga, foi assim que deixei o recinto do meu abrigo, foi assim que andei pela margem do rio e subi a um alto rochedo... extasiei-me diante dos reflexos do sol e das nuvens brancas sob o céu anilado a se refletir sobre aquele grande espelho d’água. Depois, com meus olhos bastante resserenados, olhei o imenso infinito e senti as lágrimas quentes rolarem em meu rosto...
Chorei, mas meu pranto não foi por meu sofrimento passado e sim por ter deixado de observar as maravilhas que Deus fez para me alegrar os olhos, para me acariciar a alma e me fazer encontrar outra vez, a paz.
Amiga, saiba que hoje estou demais feliz, pois já não me sinto como uma gota a orvalhar e a se lamentar nas manhãs sob os raios do sol...
Já não sou como um pingo d’água no oceano, mas me sinto como um oceano na imensidão do mar, pois aprendi também a pintar telas com minhas palavras e nelas expressar toda a minha emoção sempre guiada pela Luz Divina, porque só essa Luz minha Amiguinha, poderia me recuperar.
Beijos em seu coração.