Vejo que na “virtualidade” quase não existe sentimento. Não acredito que para sentir o amor em toda a sua essência tenho que estar plugada na internet, e para deixar de senti-lo, basta desplugar para que também se desliguem meus sentimentos.
Juro que acredito nas “mentiras sinceras” porque jurar virtualmente não é pecado. A gente não precisa saber muito para sobreviver na virtualidade, mas a maioria dos internautas vive desonestamente. O sentimento dessa maioria se assemelha ao sentimento do poeta que Fernando Pessoa assim identifica:
“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras “sente...”.
Na Internet pode-se almejar ser tudo aquilo que gostaríamos de ser, o que não podemos, é fingir ser aquilo que não somos, mas é bem mais fácil querer ser aquilo que não somos do que esconder o que realmente somos. Se conseguirmos os dois, aí não se tem mais nada a aprender sobre a maldita da hipocrisia.
O que está faltando é entender que muitas pessoas ainda têm sentimentos e que elas também estão por trás da máquina. Elas têm esperanças e sonhos a realizar; Elas ainda acreditam no amor, sentem saudades e apego.
Não há como desligar esses sentimentos nas pessoas. Não se pode deixar em “quarentena”, o sentimento do amor e da alegria; não se pode queimar os sentimentos ou deixá-los na lixeira à espera da remoção final, como se fossem deficientes da Antiguidade ou como se fossem vírus contemporâneos.
Não se pode apagar da memória detalhes que só ela pode guardar, porque mesmo depois de uma amnésia total, ainda nos resta à esperança da recuperação parcial ou quem sabe até total dessa bendita memória.