O temor da página em branco  
É um pouco e muitas vezes difícil inventar uma história, escrever. A gente acorda com uma ideia clara de um projeto de escrita, coloca no papel ou no computador e se deixa levar por um entusiasmo tão raramente sentido. E depois, tudo para do mesmo jeito que começou. Subitamente, nenhuma ideia a mais chega e ficamos lá, esperando… Mas esperando o quê? Que uma das nove deusas, filhas de Zeus e Mnemósine, que dominavam a ciência universal e presidiam as artes liberais venham nos sussurrar uma palavra ou a solução de tudo ao ouvido? Infelizmente isso não funciona assim.

O temor da página em branco é o mal que neste instante me habita. Eu bem que me coloco diante de um monitor e um teclado, mas eu não consigo encontrar o entusiasmo que me habitava antes. Meus personagens já não falam mais comigo e eu não estou conseguindo dar-lhes vida por trás das palavras. Penso que eles entraram em greve, mas espero convencê-los a voltar a habitar em mim porque sem eles eu não tenho nenhuma inspiração, nenhum estado de ânimo para inventar tantas histórias. Sem eles eu não consigo pegar a caneta, eu não consigo digitar, é como se um martelo e uma bigorna afligissem meu coração e que minha mente nada pudesse fazer para impedi-los. Eu hein!